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Antônio Carlos Zago: "Se fosse voltar atrás, não teria ido para o Palmeiras"
Por Redação FutVerdão em 07/10/2024 13:12
A passagem conturbada de Zago pelo Palmeiras
Antônio Carlos Zago, ex-zagueiro e ídolo do Palmeiras e São Paulo, teve uma passagem turbulenta pelo Verdão no início de 2010. Contratado para substituir Muricy Ramalho, Zago sentiu a pressão do cargo desde o início, e hoje admite que o convite para assumir o time foi um erro.
"Se fosse voltar atrás, hoje, se eu tivesse com essa idade naquele tempo, se eu tivesse com essa experiência, eu não teria ido para o Palmeiras . Mas naquela época, jovem, saindo do São Caetano, fazendo um bom trabalho, vendo a perspectiva de fazer um bom trabalho também em uma grande equipe, no qual você foi ídolo, no qual a maior... maior parte da sua família é palmeirense, todo mundo ligando, não tinha como não aceitar o convite do Palmeiras , mas foi um dos piores momentos do Palmeiras ".
Zago acredita que estava fazendo um bom trabalho, apesar de sua pouca experiência como treinador, mas foi demitido após um empate com o Vasco.
"Apesar de eu não ter tanta experiência, acho que fazia dois, três anos que eu tinha começado como treinador, eu sempre estudei, sempre procurei melhorar e estava fazendo um bom trabalho. Só que chegou num jogo contra o Vasco, que nós empatamos no Rio, se eu não me engano, aí acabei saindo".
A demissão de Zago abriu caminho para a chegada de Felipão, que já estava nos planos do Palmeiras antes mesmo da saída do ex-zagueiro. Essa situação deixou Zago chateado, pois ele sentiu que foi usado como um "bombeiro" para apagar o incêndio deixado por Muricy.
"Eu não sei se na época do Palmeiras me contrataram como um tampão também, entende? Um bombeiro para apagar incêndio ali. Mandaram embora o Muricy e buscaram um treinador emergente. Quando você busca um treinador emergente, é para você ver a maioria das vezes também o que está acontecendo no mercado. E aí eu fiquei lá 4, 5 meses.
"Pelo que me falaram, já estavam conversando com ele desde janeiro, e ele falou que viria pro Palmeiras só em junho, julho. Então me pegaram nesse meio aí, e depois me mandaram embora e foram atrás do Felipão, fiquei sabendo depois. Fiquei p*** porque os caras que me contrataram tinham sido meus diretores no Palmeiras na época da Parmalat? então você acaba ficando chateado, mas com o tempo passa e são coisas do futebol mesmo".
Relembre o encontro de Zago com Bielsa e a conquista da Libertadores
Em 1992, Zago e Marcelo Bielsa se encontraram em um jogo memorável: a final da Libertadores entre São Paulo e Newell's Old Boys. O São Paulo venceu nos pênaltis e conquistou o título, enquanto Bielsa amargou a derrota.
Anos depois, os dois se reencontraram em um jogo entre Bolívia e Uruguai pela Copa América, com Zago agora como técnico da seleção boliviana. Bielsa aproveitou a oportunidade para relembrar a derrota na final da Libertadores e "cutucar" Zago.
"Eu tive um jogo contra o Uruguai que praticamente eu fiquei conversando com o Bielsa ali uns cinco minutos. E quando eu me aproximei dele, porque eu me aproximei dele para abraçá-lo mesmo, porque é uma referência para a maioria dos treinadores, a primeira coisa que ele me falou foi: "você me tirou a única Libertadores que era para eu ganhar". Aí eu disse que eles tinham um time bom também, acho que foram dois ótimos jogos, a gente começou a conversar, até espero um dia poder sentar com ele para trocar algumas ideias, aprender um pouco mais também. Magoou (Bielsa), porque foi um grande jogo na Argentina, uma briga e tanto para chegar no estádio. Naquela época, a torcida era mais agressiva do que é hoje. Jogar contra a Argentina em uma Libertadores ou Uruguai era uma briga. E a gente acabou perdendo lá de 1 a 0, tivemos algumas chances, uma com o Muller, que se eu não me engano, cara a cara com o goleiro, chutou por cima. Depois aqui, a volta no Morumbi, também. No primeiro tempo eles tiveram uma bola na trave, aí depois a gente controlou o jogo, acabamos chegando num gol de pênalti também, e aí depois ganhamos nas penalidades".
O futuro de Zago no futebol
Após ser demitido da seleção boliviana, Zago busca voltar ao futebol brasileiro. O ex-técnico afirma que sua prioridade é assumir um time da Série A, mas não descarta a possibilidade de comandar um time da Série B com potencial de acesso.
"Lógico que seria bom ficar aqui no estado de São Paulo. Estou em casa, mas nos outros estados também não é um problema. Lógico que a prioridade sempre é de um time que joga a Série A, mas também talvez a Série B que tenha projeção para subir para a Série A no ano seguinte. Eu acho que isso aí é importantíssimo".
Zago também comentou sobre sua experiência como diretor de futebol, cargo que ocupou no Corinthians em 2008 e 2009. Ele não pretende voltar a essa função tão cedo, pois acredita que a função de diretor e treinador são incompatíveis.
"Diretor de futebol agora não. Eu fui e aí depois que eu parei fui ser treinador. Eu não concordo muito com os caras que entram para ser supervisor, cai o treinador, ele assume interinamente e aí depois efetivam ele no cargo como treinador. Dali ele já vai trabalhar como treinador num outro clube, aí ele cai ou é mandado embora, aparece uma oportunidade como diretor lá? eu vejo isso aí como um cara que talvez não saiba o que quer na sua carreira e também tira a possibilidade de outros treinadores treinarem uma determinada equipe".
"Eu acho que quando você é supervisor, quando você é diretor de uma equipe, você nunca pode chegar a ser treinador, nem interino. Você tem que fazer o que o Muricy faz no São Paulo, que isso para mim, sim, é um cara que desde o começo ele sempre falou que não ia assumir e não assumiu, e o São Paulo já convidou ele várias vezes para assumir interinamente e ele não quer".
Zago critica as críticas a Dorival Júnior na seleção brasileira
Zago acredita que as críticas a Dorival Júnior na seleção brasileira são exageradas. Ele argumenta que a queda de rendimento da seleção já vem de alguns anos e que Dorival pouco pode mudar nesse curto espaço de tempo.
Zago também se posiciona contra a contratação de um treinador estrangeiro para a seleção, defendendo a permanência de Dorival. Ele destaca a ausência de Neymar como um fator crucial para o desempenho da seleção, considerando o camisa 10 como um jogador diferenciado em relação a outros nomes como Vini Jr e Rodrygo.
"Eu acredito que é exagerado (críticas sobre Dorival). Talvez o Dorival não teve uma experiência no exterior e a maioria dos jogadores que nós temos todos atuam no exterior. São craques da futebol. O futebol é a mesma coisa? Não é, tem diferença. Não adianta querer falar que é a mesma coisa, que não é, daquilo que se faz aqui no Brasil e do que se faz na Europa. Eu vi uma uma entrevista do Thiago Escuro (diretor do Monaco) esses dias e ele está tendo essa visão agora, que o jogador europeu se prepara bem mais do que o jogador brasileiro, apesar que na seleção os caras já vêm preparados já e tem que seguir o seu protocolo dentro da seleção. Então eu acho que a cobrança em cima do Dorival vem sendo exagerada, porque o Brasil já não vem bem já há alguns anos".
"Nos últimos jogos tem faltado o nosso principal jogador, que é o Neymar, que na minha opinião é o jogador que faz a diferença, é a referência que nós temos na seleção hoje, apesar de ter Rodrygo, Vini Júnior, mas não chega a ser o Neymar ainda. Acredito que tem que dar tempo para o Dorival. O pessoal fala de treinador estrangeiro na seleção. Já tem o Dorival, então eu sou contra".
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